História da Eficiência Alimentar no Brasil: da estratégia genética à liderança global
No mercado de genética de ponta, a performance de alto nível é a moeda válida. Em sistemas de produção intensiva, essa performance é constantemente tensionada pela realidade financeira: o custo da alimentação pode atingir impressionantes 90% da despesa operacional, conforme o Report Ponta. Em demais sistemas de produção o impacto do custo da alimentação não fica para trás. À pasto, na TIP ou em sistemas semi-intensivos, a alimentação também representa a maior parcela do custo de produção.
A produção comercial é desafiada diariamente a produzir cada vez mais carne e leite com cada vez menos recursos: menos área, menos água, menos alimento, menos tempo, menos metano e, principalmente, menos custos. E o melhoramento animal é a estratégia para tornar isso possível!
Essa é a essência da Eficiência Alimentar (EA), a capacidade biológica de um animal otimizar a conversão de insumos em produtividade de forma mais rentável.
No Brasil, o que começou como uma métrica de pesquisa se transformou em parâmetro da seleção genética moderna. O país trilhou uma jornada de pioneirismo, passando de validador a um líder tecnológico global, estabelecendo a EA como o selo de credibilidade para a genética de Ponta.
A seguir, detalhamos essa trajetória histórica: desde a descoberta da EA até sua consolidação como índice fundamental no melhoramento brasileiro. Boa leitura!
As bases históricas e a inovação metodológica
A atenção à eficiência no uso de insumos tem raízes históricas, com o trabalho de Robert Bakewell no Séc. XVIII, ao direcionar acasalamentos associando produtividade ao consumo de alimentos e as observações de cientistas como Byerly (1941) sobre o consumo variável em animais com desempenho similar.
A mudança decisiva, que fomentou o melhoramento genético para a eficiência no uso de alimentos, veio em 1963 nos Estados Unidos, quando Koch et al. publicaram as definições do Consumo Alimentar Residual (CAR).
O CAR:
O CAR é a métrica que estima a diferença entre o consumo real de um animal e o consumo que seria teoricamente esperado para seu ganho de peso e peso metabólico.
Dessa forma, animais com CAR negativo são classificados como mais eficientes, pois atingem sua produtividade com uma ingestão de alimento menor do que se era esperado, com base na média de seus pares e seu próprio desempenho.
De fato, O CAR tornou a seleção objetiva e auditável. Estudos de larga escala nas décadas de 90 (Austrália, Canadá e EUA) estimaram média a alta herdabilidade da característica, fornecendo a informação vital para a implementação de programas de melhoramento.
O pioneirismo nacional: validando a ciência nos trópicos (2005 – 2008)
O desafio estratégico do Brasil era adaptar e validar essa ciência às suas vastas condições tropicais e ao foco em raças zebuínas.
O ponto de partida começou em 2005, com as primeiras pesquisas nacionais em instituições como IZ, USP e Embrapa. Os testes eram realizados em baias individuais, com a pesagem de alimentos sendo realizada pelos profissionais envolvidos, a cada trato. O Instituto de Zootecnia (IZ Sertãozinho) realizou um marco crucial ao testar o conceito em fêmeas Nelore, estabelecendo a base para a pecuária nacional, e posteriormente, em 2010, incorpora Eficiência Alimentar ao programa de seleção.
A ciência foi rapidamente validada por criatórios pioneiros (2007/2008):
- Marca OB: Ao testar a progênie de seus touros, o criatório detectou uma diferença de 15% no consumo de alimentos entre as progênies dos touros mais e menos eficientes, sem efeito sobre a qualidade da carcaça. Este resultado confirmou o potencial genético e a capacidade de transmissão da EA em suas linhagens.
- Fazenda Mundo Novo em parceria com a FZEA-USP: Em testes com sistema Callan, seus 10 melhores touros para EA mostraram-se 22% mais eficientes que a média. Tais resultados práticos atestaram que a seleção para EA criava um diferencial de mercado inquestionável, adicionando rentabilidade à progênie.
A resposta tecnológica: gerando escala e credibilidade (2010 – 2014)
A adoção da EA como critério de seleção ganhou tração na década de 2010. Programas de melhoramento já mostravam que a inclusão da EA aumentava o “Lucro por Boi”, valorizando a genética eficiente.
A participação do Rancho da Matinha (2011 – 2012)
Ao longo dessa jornada, não podemos deixar de mencionar O Rancho da Matinha, que, em parceria com a ABS, entre 2011 e 2012, importou um sistema eletrônico de mensuração de consumo e testou toda a safra de bezerros e bezerras em baias coletivas, ao mesmo tempo em que Centros de Pesquisa e empresas de genética importam equipamentos para pesquisa e prestação de serviço para pecuaristas (IZ, UFU, CRV).
O grande salto, no entanto, veio com a Resposta Nacional em 2013: a criação da Intergado®, hoje, PONTA, e sua tecnologia Intergado Efficiency®. O Brasil passou a ter uma solução eletrônica nacional para a mensuração individual de consumo, essencial para gerar dados em escala e com a máxima credibilidade.
O impacto dessa tecnologia no melhoramento genético foi imediato:
- Acessibilidade e escala: Permitiu que mais criatórios testassem suas linhagens em condições de campo adaptadas ao Brasil.
- Padronização e credibilidade (2013): O ABCZ padronizou os procedimentos de mensuração, garantindo que as DEPs geradas tivessem segurança e credibilidade para uso em sumários e centrais.
- Integração institucional (2014): A FAZU instalou a tecnologia, consolidando a EA nas provas oficiais do PNAT, um palco fundamental para a divulgação dos reprodutores de alto desempenho.
Consolidação estratégica: EA no coração dos sumários (2017 – 2022)
Com dados de campo robustos e tecnologia validada, a EA migrou para o centro da divulgação de genética: os sumários.
Entre 2017 e 2021, o CAR e a IMS (Ingestão de Matéria Seca) foram lançados como DEPs nos principais programas de melhoramento genético do país, fornecendo a garantia de que centrais e criatórios exigem:
- ANCP: Lançamento das DEPs CAR e IMS para Nelore (2017) e Guzerá (2019).
- GENEPLUS: Lançamento da DEPCAR para Senepol (2019) e Nelore (2021).
A consagração ocorreu em 2022, quando a ANCP publicou os índices bioeconômicos (MGTe_CO e MGTe_F1) incorporando a DEPCAR. Na raça Senepol, o CAR foi incorporado, em 2023 no índice de qualificação genética da raça o IQG, do programa Embrapa Geneplus Isso significa que a Eficiência Alimentar deixou de ser apenas uma característica isolada para se tornar um fator direto na valorização da progênie e do patrimônio genético do criatório que orienta sua seleção com base nos índices dos programas.
Conclusão: O crescimento exponencial e a liderança genética
A história da Eficiência Alimentar no Brasil é um case de sucesso sobre a união estratégica entre a excelência do criador de elite e a inovação tecnológica. O resultado desse sucesso é quantificável: a popularização do Intergado Efficiency gerou um aumento de mais de 1.200% na avaliação de fenótipos para EA em 10 anos, validando geneticamente um volume de animais sem precedentes.
Dessa maneira, a EA não é apenas uma gestão de custo; é a construção de um rebanho que atende às exigências de sustentabilidade e desempenho, agregando valor de mercado inquestionável e consolidando a liderança global da genética brasileira.
Números da genética de Ponta no Brasil e no mundo, consolidados em 2025
A história da Eficiência Alimentar no Brasil nos enche de orgulho. Confira abaixo os números atualizados dessa trajetória que não para de crescer!
- +14 anos de seleção para EA
- 41 Criadores de Eficiência
- + de 19 centros de performance
- + de 1.800 cochos eletrônicos
- + de 900 balanças de pesagem animal
- + de 79 mil animais avaliados com Intergado Efficiency
Sua genética de ponta está sendo validada com o rigor que a liderança de mercado exige? O Intergado Efficiency é a tecnologia nacional que possibilitou o crescimento de 1200% na avaliação de eficiência no país!

