Rastreabilidade na pecuária e sua importância
A rastreabilidade é um sistema que ajuda a acompanhar a vida de um animal. Ele documenta tudo, desde o nascimento até o abate e a venda ao consumidor.
Este processo envolve o registro detalhado das informações do animal, como sua origem, alimentação, tratamentos sanitários e movimentações entre propriedades. O objetivo da rastreabilidade é garantir a segurança e a qualidade da carne, além de proporcionar maior transparência e confiança ao consumidor.
Para explicar essa pauta importante, o CEO da Ponta, Paulo Dias, traz neste artigo um resumo sobre a rastreabilidade no Brasil. Ele destaca as principais oportunidades e desafios relacionados ao tema. Leia abaixo.
Rastreabilidade bovina – o que é e como ela funciona?
De maneira simples, a rastreabilidade é o processo de monitorar algo de uma origem até um destino. No caso da produção da carne, a rastreabilidade bovina consiste em monitorar o animal desde o seu nascimento até o abate e, em alguns casos, até o consumidor final.
A coleta de informações sobre a vida do animal é feita com softwares qualificados. Esses programas organizam os dados em um banco de informações. Esse sistema permite acompanhar toda a trajetória de um bovino e é acompanhado por empresas certificadoras que auditam as informações.
Os animais são rastreados a partir de uma identificação individual que é feita, geralmente, por meio de brincos, chips eletrônicos ou tatuagens, e cada animal recebe um número único. Este número é registrado e armazena todas as informações do animal conforme os protocolos determinados pelos órgãos oficiais, incluindo sua origem, histórico e saúde, alimentação, movimentações e outras.
Por que a rastreabilidade bovina é importante para a cadeia produtiva e confiança do consumidor?
A rastreabilidade bovina é de grande importância para a cadeia produtiva do gado de corte por algumas razões:
Segurança alimentar: Permite a rápida identificação de riscos sanitários e a retirada de produtos do mercado consumidor quando necessário.
Qualidade do produto: Ajuda a garantir a procedência e a qualidade da carne, agregando valor ao produto.
Acesso a mercados internacionais: Muitos países exigem sistemas de rastreabilidade para importação de carne, como por exemplo, a União Europeia.
Transparência e confiança: Aumenta a confiança dos consumidores no produto final, garantindo maior relação com a marca de carne.
Como funciona o processo de rastreabilidade bovina de toda a cadeia produtiva?
O processo de rastreabilidade bovina segue várias etapas:
Identificação animal: No nascimento, o animal recebe um identificador único, como um brinco ou chip e é incluído no banco de dados para monitoramento.
Registro: As informações importantes sobre o animal são coletadas durante toda a sua vida. Isso inclui a data de nascimento, raça, vacinações, tratamentos veterinários, fazenda de origem e movimentações entre propriedades. Esses dados são registrados em um banco de dados na nuvem, usando softwares específicos.
Abate e processamento: após o abate, suas informações continuam a ser acompanhadas, garantindo que a carne possa ser rastreada até o consumidor.
Distribuição: Os dados sobre o produto (carne) permitem a rastreabilidade até o ponto de venda, garantindo assim transparência e segurança aos consumidores.
Quais são os principais benefícios que a rastreabilidade bovina oferece aos produtores de gado de corte?
Existem muitos benefícios em estar inserido em um modelo de rastreabilidade bovina. Esses benefícios podem ser divididos em duas categorias principais: internos e externos.
O primeiro deles, se refere à “dentro da porteira”, onde a rastreabilidade permite um melhor conhecimento do rebanho. Ela oferece todo o histórico de informações sobre cada evento e manejo realizado. Isso ajuda muito na tomada de decisões sobre a produtividade.
Para “fora da porteira”, ou seja, para o mercado, a rastreabilidade habilita a fazenda a fazer negócio com o mercado internacional. Ao atender corretamente os protocolos de cada mercado, a fazenda amplia suas oportunidades de bonificação e de comércio. Isso torna a carne brasileira competitiva e torna o negócio pecuário mais sustentável. Em resumo, os principais benefícios são:
Melhoria da gestão do rebanho: Facilita o monitoramento da saúde e do desempenho dos animais. Isso pode direcionar para seleção e melhoramento genético de animais superiores.
Acesso a novos mercados: Permite a exportação para países que exigem rastreabilidade, como a União Europeia ou até mesmo Cota Hilton.
Valor agregado: Pode aumentar o valor do produto final devido à garantia de qualidade, transparência e segurança para o consumidor final.
Redução de riscos: Ajuda a minimizar os impactos de surtos sanitários na propriedade.
O papel do SISBOV na rastreabilidade bovina
O SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos) é o sistema oficial do governo brasileiro para a rastreabilidade de bovinos e búfalos e as informações sobre o programa estão disponíveis na página oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Embora esse sistema tenha sido criado por exigências da União Europeia, importante mercado para a carne brasileira, o SISBOV também está sendo considerado por outros países em suas negociações com Brasil.
O controle sanitário, a segurança alimentar e a garantia de origem são os principais benefícios da rastreabilidade para os consumidores. Com ela, o consumidor tem acesso a um alimento com controle de qualidade mais rigoroso, tendo transparência, confiança e segurança.
Temos um podcast exclusivo sobre este assunto, com participação de Carolina Rossi, da Rural Cert, empresa especializada em certificações. Assista abaixo:
Quais tecnologias são utilizadas no processo de rastreabilidade bovina?
São várias, mas primeiro, a fazenda precisa escolher uma empresa certificadora para organizar seus processos a fim de atender as exigências do SISBOV e demais protocolos e, assim, ser habilitada para operar no sistema.
A partir disso, a propriedade precisa se atentar à identificação dos animais e escolher um sistema que proporcione segurança e facilidade de manejo, em geral, os brincos eletrônicos e chips são os mais utilizados.
Adotar um software de gestão da rastreabilidade que colete e armazene as informações dos animais em nuvem, gerencie a documentação e tenha travas de segurança para evitar erros e que faça o processamento dos manejos com segurança e agilidade, em especial, o embarque dos animais.
Quando se tem esse ecossistema de soluções integrados, a fazenda evolui em todas as áreas e abre a porteira para melhores oportunidades de negócio.
Quais são os maiores desafios enfrentados na implementação da rastreabilidade bovina no Brasil?
Ainda temos uma baixa maturidade de gestão na pecuária brasileira, mas que vem evoluindo muito rapidamente. Já temos muitos produtores profissionais que já gerenciam suas fazendas com técnicas e tecnologias avançadas e, além disso têm um olhar atento à sustentabilidade do negócio.
O Brasil é um país continental e tem uma extensão territorial muito grande o que se torna as movimentações de animal e no controle sanitário um grande desafio.
A volatilidade dos preços de venda e a dinâmica dos acordos de comércio internacional geram certa instabilidade para que os produtores façam o investimento necessário para certificar suas fazendas.
Expectativas para a rastreabilidade bovina no Brasil
Atualmente, a população mundial é próxima de 8,1 bilhões de pessoas (Worldometer). Projeções indicam que a população global continuará crescendo, atingindo cerca de 9,7 bilhões em 2050 (Statistics Times). Isso representa um aumento de aproximadamente 1,6 bilhões de pessoas até 2050.
O Brasil, com um dos maiores rebanho bovino do mundo, tem capacidade para atender a qualquer mercado. Nesse contexto, a rastreabilidade dos bovinos se torna essencial.
A Ponta possui sistemas especializados de rastreabilidade, que contribuem para toda gestão do rebanho, permitindo acesso ao mercado global e possibilidade de maior rentabilidade.