Quais os impactos das pastagens degradadas na agropecuária?

As pastagens são a principal fonte de alimentação para o gado. Porém, algo muito preocupante está acontecendo: a degradação dessas áreas. Segundo o estudo realizado pela Embrapa, o Brasil tem cerca de 28 milhões de pastagens degradadas, o que significa um desafio gigantesco para a sustentabilidade do setor agropecuário.

Os principais motivos disso estão relacionados à produtividade e à qualidade da nutrição bovina, pois prejudica a performance nos sistemas de produção. Outro ponto é que a degradação contribui com a erosão do solo e na emissão de gases de efeito estufa. 

Neste artigo, a Ponta explicará quais são os impactos das pastagens degradadas na agropecuária e as principais estratégias para controlar esse cenário na sua fazenda. Veja a seguir!

O que são pastagens degradadas?

As pastagens degradadas são todas as áreas que não têm mais capacidade produtiva devido a manejos inadequados, compactação do solo, sobrepastejo e invasão por plantas daninhas. 

Infelizmente, esses pastos deixaram de possuir cobertura vegetal suficiente, o que diminui a quantidade de forragem e aumenta o nível de solos empobrecidos. Desse modo, o gado não conta com uma boa base de alimentação. 

4 motivos para ocorrer a degradação de pastagem

Podemos citar 4 principais causas da degradação de pastagem. Se você é um pecuarista, saiba que deve se atentar a elas. Confira abaixo:

1. Manejo ineficiente e inadequado

Toda a prática de manejo que desconsidera a capacidade de suporte das pastagens gera o esgotamento dos recursos naturais. Quando não existe planejamento no uso das áreas de pasto, como a falta de rotação de piquetes, é difícil de fazer a recuperação das forrageiras. 

A falta do monitoramento contínuo da pastagem também impede a identificação de sinais de degradação.

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2. Sobrepastejo

No sobrepastejo, se mantém no pasto uma quantidade de animais além da capacidade de suporte desse ambiente. Quando há um número excessivo de animais ou também quando o tempo de permanência é acima do recomendado, comprometendo a qualidade e quantidade da pastagem.

A forrageira não conseguem completar seu ciclo de crescimento, comprometendo a rebrota, diminuindo a biomassa e também cai o valor nutritivo, afetando ganho de peso dos animais.

A compactação do solo, causada pelo pisoteio intenso, diminui a infiltração de água e a aeração, o que prejudica o desenvolvimento radicular das plantas e aumenta o risco de erosão. 

3. Falta de reposição de nutrientes

A ausência de adubação e correção do solo leva ao empobrecimento de nutrientes. As forrageiras necessitam dos nutrientes para ajudar em seu crescimento, enraizamento e rebrota. Sem a reposição nutricional ou manejo correto dos pastos, ocorre a diminuição da fertilidade. 

4. Invasão por plantas daninhas

As plantas daninhas diminuem a qualidade do pasto e também reduzem a quantidade de recursos para as forrageiras. Isso porque essas espécies competem por luz, água e nutrientes.
Além disso, se não forem manejadas, podem ‘’infestar’’ a pastagem, dificultando o controle, sendo necessário, muitas vezes, o controle químico ou até mesmo manejo com equipamentos.

Quais os impactos das pastagens degradadas na agropecuária?

É aqui que você deve se atentar! As pastagens degradadas causam diversos problemas no dia a dia da agropecuária. Antes de entender como mitigá-las, primeiramente é indispensável entender quais são os impactos negativos disso. 

Diminuição da produtividade animal

A degradação da pastagem reduz a oferta de forragem de qualidade, o que afeta diretamente a nutrição bovina. Os animais que são alimentados em pastagens degradadas apresentam menor ganho de peso, e isso atrasa o tempo de abate e diminui a capacidade produtiva.

Além disso, a baixa disponibilidade de nutrientes compromete a saúde do rebanho e aumenta a incidência de doenças e mortalidade.

Aumento dos custos de produção

Com a redução da oferta de forragem, os produtores precisam investir em suplementação alimentar para atender às necessidades nutricionais dos animais. Ou seja, aumentam os custos de produção e reduz a rentabilidade na gestão pecuária.

Outro fator é a necessidade de investimento em insumos e mão de obra para “limpeza” ou até mesmo reforma das áreas degradadas.

Degradação ambiental

Essa degradação também aumenta a erosão do solo, a perda de biodiversidade e a emissão de gases de efeito estufa. A ausência de cobertura vegetal favorece o escoamento superficial das águas pluviais, levando à perda de nutrientes. A degradação do solo também reduz sua capacidade de sequestro de carbono.

Como recuperar as áreas de pastagens degradadas

Afinal, quais são as melhores práticas para recuperar essas pastagens danificadas? Coloque em prática os seguintes passos:

1. Realize um diagnóstico e planejamento

O primeiro passo para a recuperação de pastagens degradadas é fazer um diagnóstico da área e identificar as causas da degradação e o grau de comprometimento do solo e da vegetação. 

Com base nesse diagnóstico, você consegue elaborar um plano de recuperação que reúne as práticas mais adequadas para cada situação.

2. Pratique o manejo adequado do pasto

Implemente práticas de manejo que evitam o sobrepastejo, como a rotação de pastagens e o ajuste correto da taxa de lotação. Essa é uma ótima forma de recuperar a vegetação e manter a capacidade produtiva. Além disso, é importante monitorar constantemente o estado das pastagens para realizar ajustes no manejo.

3. Faça um bom controle de plantas daninhas

Este controle é importantíssimo para evitar a competição com as forrageiras. Para isso, vale a pena capinar, usar herbicidas e fazer o manejo integrado de pragas, evitando a infestação e mantendo a qualidade da pastagem.

A Terminação Intensiva a Pasto (TIP) como alternativa de recuperação

Além das opções anteriores, também precisamos comentar sobre a Terminação Intensiva a Pasto (TIP). É uma excelente estratégia para combinar o uso de pastagens com suplementação concentrada, buscando o aumento do ganho de peso dos animais e a diminuição do tempo de abate. 

A TIP é uma alternativa muito viável para diminuir os efeitos das pastagens degradadas, pois maximiza o uso das áreas disponíveis e melhora a nutrição bovina. 

Principais benefícios da TIP:

• Mais produtividade: com o fornecimento de dietas balanceadas que atendem às necessidades de cada fase de desenvolvimento, os bovinos alcançam o peso ideal para abate em menor tempo;
  
• Diminuição da pressão sobre as pastagens: a suplementação estratégica reduz a dependência exclusiva do pasto e possibilita a redução da carga animal em áreas degradadas. Essa prática facilita a recuperação natural das pastagens e colabora com a regeneração da cobertura vegetal e a melhoria da qualidade do solo;
  
• Aumento da qualidade da carne: animais submetidos à TIP recebem uma alimentação balanceada que eleva o desenvolvimento, produzindo uma carcaça de qualidade. Essas características de qualidade da carne são ótimas para os consumidores que valorizam cortes de carne mais macios e saborosos. A consistência na qualidade da carne também aumenta a reputação do produtor e amplia as oportunidades de comercialização. 

Implementação da TIP:

Para colocar em prática a TIP, você deve se atentar aos seguintes pontos:

• Oferta de forragem: verificar a disponibilidade e a qualidade das pastagens ao longo do ano e implementar práticas de manejo que garantem a oferta de forragem de qualidade. Aqui, é importante incluir a rotação de pastagens, adubação e controle de plantas daninhas;
  
• Suplementação alimentar: desenvolver programas nutricionais que atendam às necessidades dos animais em cada fase de desenvolvimento. Para isso, você deve considerar a composição, a palatabilidade e o custo-benefícios dos suplementos;
  
• Capacidade de suporte das pastagens: determine qual será a carga animal para evitar o sobrepastejo e a degradação das áreas de pasto. O ajuste da lotação animal é importante para manter o equilíbrio entre a oferta de forragem e a demanda nutricional do rebanho.

🐂 Veja também — Como o monitoramento e controle de rebanho ajudam o produtor?

As pastagens degradadas afetam bastante a gestão pecuária. Diminuição da produtividade, aumento dos custos de produção e impactos ambientais são alguns dos problemas. 

É importante que você adote algumas práticas de manejo, aliada a estratégias como a TIP, para fazer a recuperação dessas áreas e trabalhar ativamente para garantir a sustentabilidade da pecuária no Brasil.

Então, este conteúdo foi útil? Se sim, aproveite para conferir mais dicas no blog da Ponta. Até a próxima!