Governança no agro: planejamento para o novo ciclo 

Artigo elaborado por Cristina Yukie Ichiki de Carvalho*    

O encerramento de mais um ciclo traz um convite a refletir sobre os resultados alcançados, avaliar as lições aprendidas e preparar o negócio para o próximo ano. Este é o momento de transformar conhecimento em estratégia e estratégia em ação, principalmente no agro, segmento que vive grandes transformações. 

No segmento da pecuária, onde tecnologia, dados e governança têm ganhado protagonismo, o planejamento assume papel ainda mais determinante. Aliado à governança e a pilares como tecnologia e gestão, a elaboração de um bom orçamento converge o planejamento para criar negócios mais eficientes, transparentes e preparados para os desafios do novo ciclo. 

1. O momento do ano: um ciclo se encerra, outro se inicia para novas oportunidades 

O fim do ano é, tradicionalmente, um marco decisivo de avaliação.  
É neste período que consolidamos indicadores produtivos, revisamos desempenhos operacionais, analisamos o comportamento do mercado e confrontamos os resultados econômicos e financeiros com aquilo que havia sido planejado. 

A partir dessa leitura, surgem as decisões que orientarão o próximo ciclo: 

  • Quais metas foram superadas e por quê? 
  • Onde tivemos gargalos produtivos, financeiros ou de gestão? 
  • Que ajustes estratégicos serão necessários para o próximo ano? 
  • Como nos preparar para novas demandas de mercado? 

Com as respostas a essas questões começamos o planejamento do próximo ciclo. 

2. A relevância de um bom planejamento no agro 

Planejar não é apenas uma etapa de gestão: é uma condição para a perenidade do negócio. No agro torna-se ainda mais relevante, visto sua representatividade e seu potencial na economia brasileira.  
O setor convive com variáveis complexas como o clima, variáveis derivadas de outras cadeias como insumos, logística, além pressão crescente por eficiência e sustentabilidade.  

Nesse cenário, o planejamento deixa de ser opcional e se torna um instrumento essencial para reduzir incertezas, aumentar a previsibilidade e entregar resultados mais consistentes.  

E é nessa estrutura que o planejamento orçamentário se destaca como peça fundamental. Um orçamento bem construído traduz a estratégia em iniciativas e métricas, oferecendo clareza e transparência sobre metas, desafios da operação e potenciais riscos, materializa a geração e a necessidade de capital. 

Os benefícios são inúmeros: 

  • direcionamento claro dos investimentos; 
  • projeção assertiva de fluxo de caixa; 
  • possibilita maior gestão e disciplina na execução; 
  • decisões mais rápidas e embasadas; 
  • resultados mais consistentes ao longo do ciclo. 

3. Pontos críticos e etapas de um orçamento bem elaborado 

Um orçamento eficiente não nasce do improviso. Ele exige método, consistência e alinhamento. Entre os pontos críticos, destacam-se: 

a) Premissas claras e desafiadoras 

A definição de diretrizes para o negócio, desde o nível estratégico ao operacional devem ser claras e promover a busca da melhoria e de desafios. Quais as principais metas da companhia, sejam em produtividade, rentabilidade ou a melhoria em indicadores zootécnicos? Quais as prioridades do próximo ciclo? Questões como estas trazem transparência e clareza para o time e o que o orçamento deverá entregar.  

b) Dados confiáveis e integrados 

Sem dados e informações consistentes, o orçamento se torna uma projeção frágil. 
É fundamental integrar informações operacionais, zootécnicas e financeiras para tangibilizar e quantificar como a estratégia será entregue nas iniciativas e resultados do próximo ciclo.  

c) Participação das áreas 

Um bom orçamento é construído com a participação de muitos: produção, compras, comercial, financeiro, confinamento e gestão trabalham juntos, promovendo alinhamento e maior consistência na definição das prioridades contempladas no orçamento. 

d) Construção de cenários 

Se possível, elabore cenários na construção do orçamento. Há variáveis externas como o mercado, riscos e incertezas que poderão trazer oscilações ao negócio. Por isso, trabalhar com cenários aumenta a maturidade do planejamento. 

e) Monitoramento contínuo do planejado x realizado 

O orçamento não deve ser um documento engessado. Ele é um instrumento direcionador, que precisa ser revisado e acompanhado continuamente conforme sua execução. Isso permitirá tomada de decisões mais rápidas e assertivas.  

➜ Leia também: Governança Corporativa: um pilar para elevar a maturidade de gestão do agronegócio brasileiro 

4. Governança: a base que sustenta o planejamento e o orçamento 

A governança é o alicerce que transforma planejamento e orçamento em processos estratégicos, transparentes e eficazes. 
No contexto do agro, ela assume papel ainda mais importante, pois conecta a visão dos gestores à realidade operacional, mantendo equilíbrio entre riscos, resultados e tomada de decisão. 

Dessa maneira, uma governança madura: 

  • garante consistência no processo orçamentário; 
  • estabelece critérios claros e embasamento para a tomada de decisão; 
  • promove alinhamento entre os stakeholders (proprietários, gestores, sócios); 
  • fortalece a cultura de responsabilidade e prestação de contas (accountability). 

5. Tecnologia: o motor da execução e da transparência 

No agro, tecnologia é um dos elos que integra governança, planejamento e execução. Ela é um pilar estratégico e de investimento para amplificar o potencial do negócio e gerar maior confiabilidade e assertividade na tomada de decisão, na execução e gestão do processo orçamentário.  

Em toda a cadeia pecuária seu uso tem sido cada vez mais intenso. E de maneira implícita já vem contribuindo para que proporcione, não somente a elaboração de um bom orçamento, mas também o acompanhamento de sua execução e melhorando a maturidade de gestão do negócio:  

• Consolidação de dados de campo e financeiros em tempo real: pesagens, cochos, insumos, compras, vendas e custos fluem para a mesma base de dados, eliminando ruídos e retrabalhos; 

• Proporcionando transparência e rastreabilidade da cadeia;  

• Transformando o orçamento em ferramenta viva: com dashboards, notificações, comparativos e análises automáticas, o gestor acompanha a execução com precisão; 

• Tornando decisões mais céleres e com maior qualidade: rotinas e análises manuais ou antes feitas em planilhas agora são realizadas automaticamente, com profundidade e agilidade. 

A pecuária que cresce e quer potencializar seus resultados, com margem, escala e sustentabilidade, deve ter na tecnologia um parceiro e pilar estratégico, tornando os investimentos em resultados competitivos.  

Conclusão: Governança, planejamento e tecnologia — o tripé para um novo ciclo de excelência 

À medida que avançamos para um novo ciclo, torna-se evidente que as empresas mais preparadas são aquelas que tratam planejamento, orçamento e governança como pilares estruturais e que adotam a tecnologia como catalisadora desses processos. 

Negócios que integram governança, planejamento no agro, gestão financeira, orçamento, tecnologia e gestão estratégica constroem bases mais sólidas, reduzem riscos, ganham eficiência e posicionam-se de forma competitiva em um mercado desafiador.  

Percorra o planejamento e a elaboração do orçamento do seu negócio, posicionando-o para o crescimento e os desafios que decida percorrer! 

Para apoiar a governança eficiente e transformar planejamento em resultados, a Ponta oferece soluções tecnológicas integradas que fortalecem a gestão, trazem clareza operacional e ajudam sua operação pecuária a evoluir com segurança e eficiência. 

*Cristina Yukie Ichiki de Carvalho é Diretora de Operações da Ponta, engenheira de alimentos, pós-graduada em Finanças e Controladoria, e ex-gerente administrativa financeira da Falconi. Possui 17 anos de experiência em gestão empresarial, liderança de equipes e desenvolvimento de projetos. 

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