Eficiência Alimentar na pecuária e redução no custo de mantença
A Eficiência Alimentar na pecuária se tornou um dos temas mais relevantes para o futuro do setor. Embora a produtividade da pecuária de corte brasileira tenha crescido em ritmo acelerado nas últimas décadas, a rentabilidade não acompanhou essa evolução.
Hoje, o grande desafio não é apenas produzir mais carne, mas sim produzir melhor: reduzindo custos, otimizando recursos e diminuindo o impacto ambiental. Nesse cenário, a Eficiência Alimentar se consolida como uma estratégia central para garantir sustentabilidade e lucro.
Durante muito tempo, a prioridade da pecuária de corte foi ampliar a produtividade. Pesquisadores e criadores dedicaram-se a identificar animais mais precoces, mais pesados e com melhor acabamento de carcaça. De acordo com o USDA (2022), esse esforço resultou em um aumento de quase 190% na produtividade da pecuária nacional nos últimos 32 anos.
No entanto, segundo apontam estudos do IEA, Cepea e Agrifatto (2018), a margem líquida da arroba caiu mais de 68% nesse mesmo período. Ou seja, embora a produção tenha crescido, o retorno financeiro por animal diminuiu. Ainda conforme a Agrifatto, a situação segue desfavorável para as margens dentro da atividade, uma vez que as margens médias do modelo de ciclo completo em 2023 estão mais baixas, comparáveis às fases de baixa dos ciclos anteriores.
Essa realidade evidencia que a competitividade da pecuária não está apenas em expandir a produção, mas em investir de forma consistente em Eficiência no uso de alimentos.
A Eficiência Alimentar na pecuária mede a capacidade de um animal em transformar alimento em produtividade. Animais eficientes consomem menos sem comprometer o desempenho.
Esse conceito impacta diretamente três pilares fundamentais:
- Econômico: redução de custos e aumento da margem de lucro.
- Ambiental: menor emissão de gases de efeito estufa e menos pressão sobre áreas de pastagem.
- Social: atendimento à crescente demanda por carne de qualidade produzida de forma sustentável e desenvolvimento tecnológico da produção.
Portanto, a Eficiência Alimentar une lucratividade para o produtor, desenvolvimento social e responsabilidade ambiental para atender às exigências do mercado.
⟶ Leia também: Melhoramento genético e Eficiência Alimentar: o caminho para rebanhos mais produtivos e rentáveis
Expansão das avaliações de Eficiência Alimentar
Nos últimos anos, o interesse pela Eficiência Alimentar cresceu de maneira expressiva. Segundo relatório da Ponta (2023), o número de avaliações de fenótipos voltados a essa característica aumentou mais de 1.200% em apenas dez anos.
Esse avanço se deve, principalmente, ao uso de tecnologias como cochos eletrônicos, balanças de pesagem voluntária e softwares de análise.
Atualmente, avaliar a Eficiência Alimentar deixou de ser um diferencial: já é considerado um pré-requisito nos melhores programas de melhoramento genético.

Fêmeas eficientes: a peça-chave esquecida
Historicamente, a seleção para Eficiência Alimentar focou principalmente nos machos.
Porém, incluir as fêmeas nesse processo é fundamental para acelerar os ganhos genéticos. Isso ocorre porque, como permanecem por mais tempo no rebanho, seu impacto econômico é ainda maior.
Fêmeas eficientes consomem menos alimento sem reduzir sua produtividade. Além disso, com o auxílio de biotecnologias reprodutivas, podem gerar múltiplos descendentes por ano, ampliando a disseminação de genes relacionados à eficiência.
De fato, dados de campo mostram que fazendas que aplicam a seleção tanto em machos quanto em fêmeas atingem resultados mais rápidos e consistentes do que aquelas que focam apenas nos machos.
Assim, investir na eficiência das fêmeas não é apenas estratégico, é decisivo: elas são a alavanca silenciosa que potencializa ganhos genéticos, reduz custos e acelera a transformação do rebanho em um sistema mais produtivo e rentável.
Otimização da produtividade e redução de custo de mantença
A seguir, você confere o depoimento do Dr. Luciano Borges, pecuarista do Rancho da Matinha, sobre o custo de mantença e sua relação com a Eficiência Alimentar:
“Animais necessitam de quantidades diferentes de comida para produzirem a mesma coisa, e isso é uma característica transmitida pelos genes. Nós começamos a seleção para Eficiência Alimentar em 2011 e é necessário ter resiliência. Quando completamos a avaliação da décima safra testada, nós já havíamos evoluído em 15% a conversão alimentar, ou seja, 1,5% a cada geração. E o mais importante de tudo é a mantença da vaca. Nessa característica, evoluímos mais de 30%. Isso significa que as nossas vacas hoje precisam de 30% a menos de comida do que precisavam no início do nosso trabalho com as provas de Eficiência Alimentar. Ou seja, na mesma área que eu poderia colocar 1.000 vacas, hoje é possível colocar 1.300, sem gastar nem um centavo a mais, com mais bezerros sendo produzidos.”
Abaixo, a participação do professor Bob Sainz no Fórum de Eficiência Alimentar no qual ele apresenta o case completo do Rancho da Matinha:
I FÓRUM DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR | Painel II: Progresso dos Criadores e Comunicação [Parte 1]

Com o Intergado Efficiency, é possível identificar, ranquear e selecionar os animais com melhor desempenho zootécnico e menor custo por quilo produzido.
A tecnologia permite:
- Monitorar com precisão o consumo individual de alimento por meio do cocho eletrônico;
- Acompanhar o ganho de peso diário com a balança de pesagem voluntária;
- Integrar dados em um sistema auditável para tomada de decisão baseada em informações.
O resultado é uma gestão mais inteligente dos recursos disponíveis, com menos desperdício, maior previsibilidade e ganhos de produtividade.
Conclusão
A Eficiência Alimentar mostra-se cada vez mais essencial para uma pecuária produtiva e lucrativa. Não basta apenas produzir mais; é preciso transformar o alimento em resultado de forma inteligente, reduzindo desperdícios e otimizando recursos. Animais eficientes consomem menos sem comprometer o desempenho, gerando impacto direto na rentabilidade e na sustentabilidade do sistema.
Incluir as fêmeas nesse processo é, portanto, um passo estratégico. Por permanecerem por mais tempo no rebanho e gerarem vários descendentes, elas aceleram a disseminação de genes favoráveis e reduzem os custos de mantença. Machos e fêmeas eficientes trabalhando juntos são capazes de transformar a produtividade do rebanho de maneira consistente.
O custo de mantença, que inclui alimentação, é um dos maiores desafios para o produtor. Tecnologias como o Intergado Efficiency ajudam a identificar os animais mais produtivos, acompanhar seu desempenho e tomar decisões mais precisas, permitindo substituir rapidamente os menos eficientes. Como resultado, há maior taxa lotação, melhor aproveitamento da área e retorno financeiro mais previsível.
No fim das contas, investir em Eficiência Alimentar é uma estratégia que combina produtividade, redução de custos e responsabilidade ambiental, preparando o produtor para os desafios e oportunidades do mercado.
Conheça o Intergado Efficiency e transforme dados zootécnicos em decisões que otimizam a eficiência do seu sistema.
Conteúdo baseado em análises e comentários de Marcelo Ribas, Luigi Cavalcanti e Guilherme Miltenburg e Luciano Borges para o Catálogo Ponteiros da Eficiência 2023 e 2025, publicados pela Ponta.