COP30 e o papel da pecuária na sustentabilidade
Nos últimos anos, a pecuária brasileira tem avançado de forma consistente rumo a uma produção cada vez mais sustentável. O setor vem investindo em pesquisa, tecnologia e manejo de precisão para reduzir emissões e otimizar recursos e os resultados já são visíveis.
Da recuperação de pastagens à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), passando por estudos sobre eficiência alimentar, genética e consumo hídrico, há uma transformação silenciosa acontecendo no campo. A nova pecuária brasileira produz mais, com menos impacto, e tem dados para comprovar isso.
Com a COP30 se aproximando, o mundo volta os olhos para o Brasil, não apenas para cobrar compromissos climáticos, mas também para conhecer soluções que já estão sendo aplicadas. O país, referência global em produção de proteína animal, tem a oportunidade de mostrar que pecuária e sustentabilidade não são opostos, mas caminhos complementares para o futuro do agro e do planeta.
Neste artigo, você vai entender como a COP30 se conecta com a evolução da pecuária brasileira e por que o setor tem papel essencial nas metas de baixo carbono e na construção de uma economia rural mais eficiente e regenerativa.
Entenda o que é a COP30 e o que está em jogo
A COP30 será realizada em Belém, no coração da Amazônia, em 2025. Mais do que um evento diplomático, ela carrega um simbolismo poderoso: o maior bioma tropical do planeta será palco das negociações mais importantes sobre o futuro climático global.
A COP, sigla para Conference of the Parties, é a conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas. É onde governos, empresas, cientistas e organizações da sociedade civil discutem compromissos e estratégias para reduzir emissões de gases de efeito estufa e adaptar o mundo aos impactos do aquecimento global.
Mas por que a COP30 é especialmente importante para o Brasil?
Porque o país está num ponto de virada. O mundo quer ver se o Brasil será apenas um espectador ou se assumirá o papel de protagonista na transição para uma economia de baixo carbono. E isso passa diretamente pelo campo.
O agronegócio, responsável por uma fatia expressiva do PIB e das exportações brasileiras, também é uma importante fonte de emissões. Ao mesmo tempo, é o setor que mais tem trabalhado para gerar soluções, desde tecnologias de baixo carbono até sistemas integrados que capturam carbono e restauram áreas degradadas.
Na COP30, o Brasil terá a chance de mostrar como a pecuária pode produzir e preservar. Que sustentabilidade não é um obstáculo ao desenvolvimento rural, mas um caminho estratégico para garantir competitividade e reputação global.
A pecuária sob os holofotes
Poucos setores dividem tanto opiniões quanto a pecuária. Para uns, ela é a principal vilã do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa. Para outros, é o motor do desenvolvimento nacional que sustenta milhões de empregos, movimenta economias locais e coloca o Brasil entre os maiores exportadores de proteína animal do mundo.
A verdade é que a pecuária brasileira é diversa. Há realidades muito diferentes entre si. Existem propriedades que ainda operam com práticas antigas, baseadas na expansão de pastagens e no baixo uso de tecnologia. Mas há também fazendas-modelo, que restauram o solo, reduzem emissões e mostram que o boi pode, sim, fazer parte de um sistema produtivo sustentável.
Os números ajudam a entender essa complexidade. Segundo dados do MAPA e da Embrapa, o Brasil tem mais de 200 milhões de cabeças de gado, e o setor representa cerca de 8% do PIB nacional. Em outras palavras, é uma força econômica gigantesca com uma demanda significativa de recursos naturais para se desenvolver.
De fato, nos últimos anos, as discussões se intensificaram porque o setor está no centro de duas grandes agendas globais: segurança alimentar e mudanças climáticas. Ou seja, o mundo precisa de proteína, mas também precisa reduzir emissões. E essa equação, à primeira vista, parece impossível de resolver.
É justamente aí que entra a inovação. Em vez de tratar a pecuária como inimiga, o desafio é transformá-la em aliada, adaptando práticas, melhorando o manejo e incorporando tecnologias que diminuam o impacto ambiental sem comprometer a produção.
O caminho para a sustentabilidade
Se antes a sustentabilidade parecia um conceito distante do dia a dia da fazenda, hoje ela é vista como parte essencial do negócio. Cada vez mais, produtores percebem que cuidar do solo, da água e dos animais não é apenas uma questão ambiental, é também uma forma de garantir produtividade e lucro no longo prazo.
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa mudança é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Esse sistema combina diferentes atividades numa mesma área — agricultura, criação de gado e cultivo de árvores — criando um ciclo produtivo mais equilibrado. O resultado? Solos mais férteis, maior retenção de carbono e melhor aproveitamento da terra. Segundo a Embrapa, a ILPF pode reduzir em até 30% as emissões de gases de efeito estufa em comparação com sistemas convencionais.
Outra frente importante é a recuperação de pastagens degradadas. Estima-se que cerca de metade das pastagens brasileiras apresente algum nível de degradação. Segundo estudo da Embrapa publicado em 2023, o Brasil já recuperou 20% das pastagens degradadas nas últimas duas décadas. Recuperar essas áreas, em vez de abrir novas fronteiras agrícolas, é uma das formas mais diretas de reduzir o desmatamento. Além disso, o pasto bem manejado aumenta a produtividade por hectare e contribui para o sequestro de carbono no solo.
A intensificação da produção é um dos movimentos mais acelerados e de grande impacto na redução das emissões. Segundo o Beef Report 2025 da Abiec, o rebanho confinado no Brasil representa 8,84 milhões de cabeças. A demanda do mercado internacional por animais pesados e mais jovens, fomentou a produção intensiva a pasto e em confinamento aumentando a produtividade e a redução do ciclo produtivo. O que, na prática, significa produzir mais, em menos área e em menor tempo, economizando recursos de água, alimento e reduzindo as emissões de forma significativa.
O manejo de emissões também vem ganhando destaque. Pesquisas têm desenvolvido estratégias nutricionais e genéticas que reduzem a emissão de metano pelos animais. Há fazendas testando aditivos na alimentação do gado e selecionando animais com melhor eficiência alimentar, ou seja, que produzem mais com menos impacto.
Essas práticas que estão sendo adotadas e gerando impactos positivos mostram que a pecuária é parte da solução climática quando feita com base em ciência e gestão. Não se trata apenas de “plantar árvores” para compensar emissões, mas de repensar o sistema como um todo, tornando-o mais integrado, eficiente e regenerativo.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, o caminho para uma pecuária verdadeiramente sustentável ainda tem muitos obstáculos.
O primeiro deles é o acesso à tecnologia e ao crédito rural. Muitas das práticas sustentáveis exigem investimento inicial (em recuperação de solo, maquinário, assistência técnica), e nem todos os produtores têm condições de bancar essa transição. Sem apoio financeiro e políticas públicas consistentes, o processo de mudança em escala se torna lento.
Outro desafio é a comunicação. O setor ainda sofre com uma imagem global negativa. Enquanto iniciativas sustentáveis se multiplicam dentro do país, lá fora o Brasil ainda é frequentemente associado a desmatamento e queimadas. Falta visibilidade para mostrar os bons exemplos e transparência para medir e divulgar resultados de forma confiável.
Também há uma questão estrutural: como medir, comprovar e remunerar o carbono capturado pelo campo. Os mercados de crédito de carbono rurais estão em fase inicial, e ainda há muita incerteza sobre metodologias, fiscalização e retorno financeiro para o produtor.
Por fim, há o desafio cultural. Sustentabilidade não se consolida apenas com tecnologia, mas com mudança de mentalidade. Significa enxergar o solo como um ativo vivo, o rebanho como parte de um ecossistema e a fazenda como um organismo que precisa de equilíbrio, não apenas de produtividade.
Nos próximos anos, o sucesso da pecuária brasileira dependerá da sua capacidade de unir ciência, política e prática de campo. A COP30 pode ser um marco importante nesse processo — o momento de mostrar ao mundo que é possível produzir carne de forma ambientalmente responsável e socialmente justa.
Leia também: ➞ A importância da ciência de dados na pecuária de ponta
Conclusão: COP30, um novo papel para a pecuária
A COP30 será mais do que um evento climático. Será uma vitrine e o Brasil estará no centro dela.
Com a Amazônia como cenário e o agro como protagonista, o país tem a chance de mostrar que desenvolvimento e sustentabilidade não são forças opostas.
A pecuária, por muito tempo vista como inimiga do clima, pode se tornar uma das principais aliadas na construção de um futuro mais equilibrado. Isso não acontece de um dia para o outro, mas essa transformação já começou: nas fazendas que recuperam pastagens, nos produtores que investem em ILPF, no aumento da intensificação da produção e nos projetos que unem tecnologia, gestão e consciência ambiental.
O desafio, agora, é escalar essas práticas, dar visibilidade a quem produz com responsabilidade social e ambiental e transformar boas iniciativas em políticas duradouras.
Na COP30, o mundo estará de olho no Brasil. E talvez a pergunta não seja mais se a pecuária pode ser sustentável, mas como o Brasil pode liderar essa transição e inspirar outros países a fazerem o mesmo.
___________________________________
Neste momento em que sustentabilidade e produção caminham juntas, a eficiência alimentar é mais do que uma vantagem: é uma necessidade para transformar a pecuária em aliada do clima. A Ponta, líder em tecnologia de Eficiência Alimentar, oferece soluções que permitem produzir mais com menos impacto ambiental, ajudando seu rebanho a ser mais rentável e sustentável. Clique aqui para saber mais!

 
 